Baile na Roça

UM HINO À DANÇA DA VIDA

As sanfonas silenciaram na roça, com o êxodo rural e, hoje, as pessoas com mais de sessenta anos são os últimos informantes de uma festa popular que ocorria nas colônias e, à noite, aos sábados.

O trabalho árduo dos trabalhadores, os meeiros, tinha uma pausa. E dançavam, bailavam. A música ainda ressoa no mundo interior, subjetivo, de muitos, no fundo mais fundo da alma.

A poesia e a tela de Portinari são intertextos que se completam, se iluminam. O baile é mais que figurativo, ele é figural. O poema sobre o povoado menciona o baile de pessoas humildes, à margem, segregadas. A tela de Portinari é um verdadeiro hino de louvor às pessoas humildes. E esboça a ideia de uma nova sociedade, além de recortes ideológicos, uma república democrática da arte.

Todos os brodowskianos são meninos inseridos em uma grande alma plural, coletiva, ou seja, Portinari. Assim, convido os meninos e as meninas de Brodowski a contemplarem a tela, a transformarem a vida em celebração, a tornarem a vida em algo poético e a ajudarem a construir um mundo mais humano, mais justo, mais fraterno, a partir da paisagem artística. E a vida pode e deve ser um bosque de delícias, quando esteticamente vivida. É a poiesis trazida para o dia a dia.